Para os estudantes do Centro Juvenil de Ciência e Cultura de Salvador, em Nazaré, tudo o que poderia ser descartado vira matéria-prima e se transforma em arte. Nas oficinas ‘Papéis interativos’ e ‘Bandodipapel’, instrumentos musicais, fantasias e figurinos são produzidos a partir de materiais reciclados. Um raio x antigo vira a pele de um repique, enquanto a cobertura do surdo e dos timbaus é feita de sacos de cimento encerados.
As oficinas chamam a atenção de alunos como Oganízia Dias, que estuda no Colégio Estadual Manoel Novaes. Participante da oficina ‘Bandodipapel’, ela quer produzir uma harpa. “Eu compus uma música que fala sobre a paz e desejo tocá-la em uma harpa, instrumento que não é da nossa cultura, é caro e de difícil acesso. Então, eu desafiei o professor para que a gente construísse essa harpa e iniciamos o projeto. Espero que eu possa realizar este desejo”, afirma.
Segundo o professor de artes Ives Quaglia, as oficinas foram criadas em 2013 e são de curta duração, de 15 a 30 horas. “Tenho vários ex-alunos que trabalham comigo. Eles desenvolveram essa técnica e contribuíram para a gente construir esses instrumentos. Também temos alunos do Centro Juvenil sendo solicitados para vender produtos que eles desenvolveram aqui”, destaca o professor.
Mais um resultado dos trabalhos são esculturas e outros objetos, produzidos coletivamente com base no olhar e na percepção que os jovens têm pelas artes em geral. Na oficina ‘Papéis interativos’, a técnica empregada é o papelamento. Foi por meio dela que o estudante Paulo Santos criou uma armadura e agora vislumbra uma segunda profissão. “Essa oficina mudou minha visão. Eu que sempre quis ser designer de games, mas agora quero ter duas profissões: papelador e designer. Tem tudo a ver”.
As oficinas do Centro Juvenil são realizadas às terças e quintas-feiras, no turno da tarde, com o objetivo de ampliar o acesso da juventude baiana às temáticas culturais e científicas contemporâneas.
