Salvador: Capoeiristas se reúnem em defesa de projeto social

Alunos de capoeira do Projeto Social Ginga N’Ativa protestaram, na noite da terça-feira (11), em frente à Associação dos Moradores da Comunidade conhecida como Largo do Binóculo, na Federação, contra a proibição da realização das aulas no local. Após diversas tentativas frustradas de diálogo com a direção, o professor Edson Negrete convocou capoeiristas e interessados em questões sociais para um ato público na frente da entidade. O encontro, que contou com a presença do vereador Sílvio Humberto (PSB), teve também a participação de grupos de capoeira de diferentes bairros de Salvador, além de militantes do movimento negro.

Os alunos de capoeira do Projeto Social Ginga N’Ativa estão impedidos de praticar a atividade em virtude de uma decisão tomada pelo presidente da Associação dos Moradores da comunidade. O líder da instituição fechou as portas para o mestre e as crianças que praticavam a capoeira nas dependências da associação.

O objetivo da manifestação, segundo o professor Negrete, é o de reivindicar, junto ao presidente da associação, o direito dos alunos, que são moradores da comunidade, de acessarem o espaço e voltarem a praticar a atividade. “Convocamos a todos aqui, para que os moradores tomem conhecimento dessa situação absurda e se aliem a nós. O nosso único interesse é o de continuar ensinando a nossa arte às crianças da comunidade”, discursou o professor.

Desrespeito

Após uma caminhada de protesto pelas ruas do bairro, movida ao som de berimbaus e das vozes dos capoeiristas, uma grande roda de capoeira foi formada no largo. O vereador Sílvio Humberto falou sobre os diversos ataques sofridos pela prática da capoeira e pelas demais manifestações da cultura negra. “A despeito dos usos que se fazem dos nossos símbolos, são recorrentes situações como essa, de desrespeito àquilo que está ligado à nossa cultura. Não podemos e não iremos silenciar diante desses ataques”, protestou o parlamentar.

O cantor, compositor e mestre de capoeira, Tonho Matéria, também marcou presença na caminhada e comandou o coral dos capoeiristas. “A capoeira é um patrimônio do nosso país. O trabalho que os mestres realizam nas comunidades ultrapassa a questão cultural e cumpre um papel social importante”, pontuou o cantor. Tonho Matéria concluiu a sua participação entoando o coro “capoeirista é igual a moribundo, mexeu com um, mexeu com todo mundo”.

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